Educadores

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quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Gênero, sexualidade e diversidade

O Professor Thomas S.M. Fonseca da Secretaria de educação de Juiz de Fora,durante o II Seminário Regional de Educação Inclusiva, de Ponte Nova, afirma que a questão de gênero diz respeito às relações entre sujeitos; refere-se a tudo que é classificado como feminino ou masculino numa determinada cultura e contexto histórico, ou seja, é uma construção social. O professor diferenciou o gênero da sexualidade que, segundo o mesmo é o conjunto de saberes, símbolos, valores e crenças relacionadas às formas de vivência de prazer e afetividade.
Thomas apresentou a educação para a sexualidade como possibilidade de se viver, de forma ética, os prazeres; as identidades sexuais, segundo o professor, não são dados da natureza, são papéis que se constroem culturalmente.
O conferencista contextualiza sua “fala” a uma visão pós-moderna; visão de continuação da modernidade, onde se discute as fronteiras. É o tempo da liquidez. Ele cita Foucault quando fala da sexualidade e a relação de poder, apresenta-a como dispositivo histórico, uma invenção.
Em tempo de liquidez, preocupa-me o fato das “verdades” relativas de um mundo machista que vivencia vários movimentos de minorias. O fato de que os conceitos “tomam formas” mediante a cultura “dominante”,leva-nos à reflexão sobre a relação de poder/domínio.

Cláudia G. S. Rodrigues

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

A teoria do Pêndulo

Paulo Ronca em seu livro Quem são nossos filhos?,instiga-nos a analisar a questão de que, quando a história nos conta o passado, tentando explicar o presente e incentivando-nos a construir o futuro.Mas e o pêndulo? É isto, para dar movimento à vida,ele ( o pêndulo) desliza para direita e para a esquerda; ora de forma acelerada,às vezes tendenciosa. É a vida!!!
Simples assim? Movimento contínuo?...
Saviani fala também da teoria da "Curvatura da vara",é este o nosso movimento? Estamso buscando o equilíbrio?
Colegas, verdade é que acreditamos na prevenção, o que nos leva a prognósticos, esses elaborados por uma postura científico-acadêmica, mas alicerçada nos valores humanos.Resultado deste trabalho e da confiança em nossa semente e nossos terremos,estamos vivenciando a farta colheita do resultado dos vestibulares,endoçado pela brilhante colocação de nossa escola no ENEM/2010.
Estamso monitorando o "pêndulo" ! EStamos felizes!!!!
Parabéns a cada um dos personagens desta história de vitórias;
Obrigada, Meu Deus, por mais um dia que podemos viver o seu amor e cuidado para conosco e por conhecermos a Pedagogia Preventiva de D. Bosco.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Afeto nas dificuldades de aprendizagem

" A criança deve amar tudo aquilo que aprende, que esteja ligado ao seu crescimento mental e emocional. O que quer que seja apresentado a ele deve ser feito de forma bonita e clara, impressionando sua imaginação. Uma vez que essse amor tennha sido despertado, todos os problemas que os especialistas em educação enfrentam desaparecerão."

Maria Montessori


São sábias palavras, não? É importante surpreender, provocar.^
Quem pode nos relatar aulas que surpreenderam, não sóa aos seus alunos como a você também?
Estamos esperando seu relato.

Cláudia Rodrigues

Criatividade, inovação e encantamento: a reinvenção da escola

Segundo o educador Max Haetinger: Encantar em sala de aula é fazer aquilo que o aluno não espera,é surpreendê-lo, é fasciná-lo. Cabe ao educador realizar coisas novas, praticar a inovação e, principalmente, proporcionar e buscar de seus alunos a criatividade no tratamento dos temas e conteúdos. Com isso a escola se renova e encanta e nós, professores, poderemos construir de verdade a geração do futuro, que vai buscar novas saídas para este mundo, novas ideias, novas atitudes e, especialmente, novos valores, tão necessários diante dos grandes e novos desafios com que temos nos deparado em nosso dia a dia.
De acordo com texto dê sua opinião.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Para refletir e discutir:

" ...o ambiente escolar - principalmente a sala de aula  - é uma esfera propícia para alcançar o inconsciente coletivo ...as emoções estão presentes em todos os aspectos da atividade humana e são fator importante no processo de ensino/aprendizagem " Monte-Serrat
      Com base em nossas leituras e discussões do último encontro de professores sobre a Missão do Educador,fale sobre a prática pedagógica e a disciplina desejada.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

INDISCIPLINA

"A indisciplina é filha predileta do autoritarismo e da permissividade. A disciplina a que me refiro é a liberdade, que conscientemente exercida conduz à ordem, não a ordem imposta que nega a liberdade. Como poderemos pensar em controlar as águas revoltas de um rio, se nos esquecermos das margens que as comprimem?". José Pacheco, Escola da Ponte

Sistema Preventivo


       Para educar, Dom Bosco desenvolveu o Sistema Preventivo, que é baseado na Razão, na Religião e no Amor. Esse jeito de educar utiliza a “presença” junto aos jovens como meio eficaz para educar. O pátio é o local privilegiado para aplicar o seu método

O Sistema Preventivo é um método de educação; mas é, sobretudo uma espiritualidade: é um amor que se doa gratuitamente, inspirando-se na caridade de Deus que atende cada criatura com a sua providência, segue-a com a sua presença e a salva doando a vida.

A Espiritualidade Salesiana é a espiritualidade da alegria, “da paixão pela vida e pelo Senhor da Vida”. A festa nessa espiritualidade é uma confissão solene de que o mundo inteiro está nas mãos de Deus. Esse é o motivo de tanta alegria!

A presença de Maria na espiritualidade Salesiana também é muito forte. No fim de sua vida, Dom Bosco declarou que tudo aquilo que tinha feito, tinha-o iniciado por inspiração de Maria Auxiliadora: “foi ela quem tudo fez”, dizia ele, já próximo de sua morte. Esse grande santo falava da mãe de Deus como “auxiliadora”, isto é, como auxílio dos cristãos na grande batalha da fé e da construção do Reino de Deus.

Vivendo essa espiritualidade, todo educador Salesiano é chamado a “ser na Igreja sinal e portador do amor de Deus aos jovens, especialmente aos mais pobres”.

A escola no epicentro da crise social

A crise institucional e a educação formal
                                                                                        Cláudia G. S. Rodrigues
ü O sujeito contemporâneo:
ü  Não é mais fixo , identitário;
ü  Vive  constantes transformações de idéias; instável,pluralista
ü  É um desassentado;
ü  Cada vez mais individualizado e liberado;
ü A sociedade contemporânea:
ü  Não reprime e nem confina em espaços fechados;
ü  A disciplina está dando lugar ao controle;
ü  As famílias são polifórmicas
ü  O tempo contínuo gera outra forma de aprisionamento;
ü  Grande dispêndio de energia do sujeito.
ü  A família já não é o lugar apropriado para se educar.
ü A escola e seu foco de trabalho
ü  Atrelada às ciências e à racionalidade técnica;
ü  Solicitada a absorver diferentes funções;
ü  Vista como super instituição que deve formar o nômade;
ü  Depositária dos fracassos de suas coirmãs;
ü  Vivencia tensões de todas as esferas: social  ,econômica, afetiva   e emocional
ü  O ritmo acelerado da vida não pode esperar a escola.

Escola se encontra no epicentro da crise social

segunda-feira, 11 de julho de 2011

O NOSSO RETRATO

Um sábio e seu discípulo estavam sentados sobre uma grande pedra, à porta de uma escola. Observaram a chegada de um rapaz, que, friamente, perguntou ao sábio: "Que tipo de pessoa vive nesta escola?" O sábio fez, então, a seguinte pergunta: "Que tipo de pessoa vive na escola de onde você veio?" O rapaz respondeu: "Pessoas invejosas, traiçoeiras, arrogantes, ruins..." E o sábio retrucou: "Aqui, você vai encontrar pessoas desse mesmo tipo." Irritado, o rapaz afirmou: "Então vou embora. Não vou nem entrar aí."
Pouco tempo depois, chegou outro rapaz, vibrante, sorridente e alegre, que perguntou ao sábio: "Meu bom senhor, por gentileza, poderia me fazer o favor de informar que tipo de pessoa vive nesta escola?" Novamente, o sábio devolveu com a mesma pergunta: "Que tipo de pessoa vive na escola de onde você veio?" O rapaz respondeu: "Pessoas amáveis, inteligentes, responsáveis, objetivas, compreensivas, bondosas e alegres... Estou até com saudade delas. É que eu sou um aventureiro e adoro conhecer e conviver com novas pessoas, descobrir novos horizontes". O sábio então afirmou: "Aqui você vai encontrar pessoas desse mesmo tipo". "Que bom!", disse o rapaz... E entrou.
Perplexo o discípulo perguntou: "Como pode ser, mestre? Perguntas iguais, respostas iguais e resultados tão diferentes? O primeiro rapaz foi embora e o segundo ficou". O sábio respondeu: "Você traz em seu coração e em sua mente o meio onde você vive e que constrói e, assim, encontra também no seu caminho pessoas, que respondem aos seus sentimentos, conforme você trata cada uma delas e com elas se relaciona."
(Autor desconhecido)

A Arte da Aprendizagem: quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender

“Educar é uma arte e como tal, não é algo que se aprende em livros, nem na escola, mas praticando, sentindo, vivendo.”

Anísio Teixeira



            Sobre a arte da Aprendizagem fundamental é levar nosso olhar para os caminhos da subjetividade humana, pois aprendizagem é uma relação que estabelece elos de ligação entre quem exerce o papel de ensinante e quem vivencia o papel de aprendente.

            Como tema essencial e gerador de novos horizontes necessitamos, sempre, continuar a busca para compreender, com cada vez mais clareza, os processos da arte da Aprendizagem.

            Nossas auto-referências e autonomias de pensar e a circularidade de diferentes conceitos nos demonstram que nossas potencialidades são infinitas e, neste sentido, lançar novas idéias, provisórias e em movimento, deve dar continuidade a nosso permanente pensar e refletir sobre o que é aprender, para todos nós enquanto sujeitos viventes.

            Acredito que ressignificar nossos campos de sentido enquanto seres aprendentes e ensinantes e buscar vincular este processo aos estudos sobre nossas distintas práticas, enquanto profissionais e humanos, é concreta possibilidade de encontro e/ou reencontro com nossos próprios significados e sentidos.

            A reflexão e o olhar atento nos levam à reconstituição do vivido e geram múltiplas possibilidades de revermos nossas próprias identidades enquanto sujeitos e nossas vinculações sistêmicas com os outros, que só podem ocorrer na prática da interatividade, conjunto de relações simultâneas onde realidade, vontade, poder e desejo se mesclam e re-criam a organização de nossos pensares, de nossos sentimentos.

            A arte da Aprendizagem pode refazer um percurso da motivadora experiência humana do próprio viver: em nossa histórica trajetória, desde os primórdios, é no aprender e na arte que concentramos nossos esforços maiores para a sobrevivência e esta é a maior herança que carregamos: a herança cultural de toda a humanidade.

            Elementos essenciais para compreendermos isso não nos faltam: hoje a urgência de encontrarmos outros modelos para nossas condutas e ações está presente na necessidade da construção de uma nova Ética, de um novo Humanismo e, principalmente, na possibilidade de, enquanto seres que vivem em comunhão, resgatarmos valores de afabilidade, mansidão e doçura nas relações que estabelecemos com o mundo, com os outros, com a Vida em si mesma.

            A perspectiva criada a partir de nossas vivências deve estar voltada para a redescoberta, para a criação e recriação, para a construção, permanente, de outros caminhos para conviver com amorosidade nos espaços do sentir, do fazer, do estar junto com o outro, em processos de aprendizagem. Em nossas interações que reside a melhoria das condições próprias ao aprender, desde que a compreensão para as distintas particularidades que nos fazem humanos seja tarefa consciente e exercício contínuo.

            Paulo Freire, mestre essencial neste sentido, nos ensina que quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender. Existe beleza e arte maior do que esta? Saber que neste processo conhecer é conhecer-se e reconhecer-se, na parceria ad infinitum com os outros?

            A constituição de nossas autorias de pensamento, em nossas aprendizagens cotidianas, deve estar pautada no necessário e fundamental desejo do construir vínculos positivos entre o ser que aprende, o ser que ensina e os múltiplos processos de cognição emergentes deste encontro.

            A criatividade, a busca por novas visões à construção de nossas subjetividades enquanto seres que aprende, nos condicionam ao desafio de configurar e reconfigurar nossas competências e habilidades para interação com a humana diversidade que convivemos cotidianamente e com as infinitas tensões que caracterizam nossa contemporaneidade.

            Isto me faz continuar a afirmar que fundamental é a proposta de perceber a aprendizagem como essencial, como campo de infinitas possibilidades de construção de novas formas de pensar e de novas maneiras de perceber e sentir, de cuidar de cada um de nós, sem esquecermos que somos seres humanos porque somos seres aprendentes.

            Aprender e ensinar são processos vitais: é busca constante, é conquista, encantamento, é o que nos mantém vivos, jovens, crianças. É o universo da relação entre a magia da vida e a vida de cada sujeito, é o espaço tempo da elaboração.

            O desafio é o de aprender, a partir das tantas informações disponíveis nesta sociedade do conhecimento, a lançar novos olhares às perspectivas do nosso século XXI, que tornam o mundo cada vez mais interdependente, inter-relacionado.

            E o resgate que a Arte pode permitir é o de ter a função de formação de subjetividades dotadas de competências solidárias, de sensibilidade, de responsabilidade, onde a interação seja permanente busca de sentido para nossas existências. Para tal resgate, a perene necessidade de continuarmos a aprender faz com que tenhamos a alegria de sermos eternos aprendizes, embasando a metodologia de aprendizagem na proposição da UNESCO com os quatro pilares para a Educação do Século XXI: o aprender a conhecer, o aprender a fazer, o aprender a viver juntos, e o aprender a ser.

            Reflexões sobre a necessidade de criar novos sentidos e significados para o estarmos juntos fazendo Educação, rompendo com práticas cristalizadas, é essencial na práxis do educador, enfim, dos que atuam numa perspectiva vygotskiana.

            Para Vygotsky, a aprendizagem é um processo profundamente social e, por isso, o desafio é o de contextualizar saberes, conhecimentos, informações, é reinterpretar o que se vive e o que vê; é registrar o processo vivenciado, é apropriar-se da experiência, é saber que há poder, força, na arte de transformar, na arte do empoderar-se. Refletir sobre a necessidade de revermos estes nossos movimentos e exercícios, de avaliarmos e reavaliarmos a capacidade que todos nós temos de, uns com os outros, aprendermos a conhecer a partir da investigação e da descoberta, é elemento chave para gerar a alegria de ser um eterno aprendiz.

            Isto porque ensinar e aprender são uma necessidade humana e aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver juntos, aprender a ser e aprender a amar só é possível em comunhão. E estar em comunhão é impulsionar-se e pautar-se pela “procura de possíveis saídas às nossas inteligências ainda aprisionadas, nos desafiando aos processos de mudança permanente, produtiva, continuada e em harmonia com nossa essência humana”.

            E o desejo é esse: da mediação ao desejo, do desejo à mediação, em processo permanente, onde nossas capacidades, infinitas que são, nos levem à construção de um sonho: não negligenciar as oportunidades de aprendizagem e saber que desejar é ousar. O gênio existe, adormecido, em cada um de nós: despertá-lo também é nossa tarefa e ousadia.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

UMA LEITURA PEDAGÓGICA DA INDISCIPLINA ESCOLAR

Vejam três grandes hipóteses explicativas da questão disciplinar, tentando demonstrar que se trata de versões diagnósticas que não se sustentam por completo, por três razões, pelo menos:
* a primeira é que elas estão apoiadas em algumas evidências equivocadas e em alguns pseudo-conceitos como a visão romanceada da educação de antigamente, a moralização deficitária por parte dos pais, além da idéia do conhecimento escolar como algo ultrapassado e desestimulante);
* a segunda razão é que, de uma forma ou de outra, elas acabam isolando a indisciplina como um problema individual e anterior do aluno, quando, ao contrário, a ato indisciplinado revela algo sobre as relações institucionais-escolares nos dias atuais;
* a terceira razão deve-se ao fato de que as três hipóteses esquivam-se de levar em consideração a sala de aula, a relação professor-aluno e as questões estritamente pedagógicas. Elas esboçam razões para a indisciplina, mas não apontam caminhos concretos para sua superação ou administração.
Essas três hipóteses explicativas cometem um engano, já de largada, que é o de tomar a disciplina como um pré-requisito para a ação pedagógica, quando, na verdade, a disciplina escolar é um dos produtos ou efeitos do trabalho cotidiano de sala de aula. E todos sabemos disso de alguma maneira, por mais que evitemos o peso dessa constatação...
É sempre bom lembrar que um mesmo aluno indisciplinado com um professor nem sempre é indisciplinado com os outros. Sua indisciplina, portanto, parece ser algo que desponta ou se acentua dependendo das circunstâncias. Por isso, talvez devêssemos nos indagar mais sobre essas circunstâncias, e, por extensão, despersonalizar o nosso enfrentamento dos dilemas disciplinares.
Quase sempre se imagina que é necessário os alunos apresentarem previamente um conjunto de ações disciplinadas (como: ser "obediente", permanecer "em silêncio" etc.) para, então, o professor poder iniciar seu trabalho. E esse é um equívoco sério, porque, em nome dele, perde-se um tempo precioso tentando-se disciplinar os hábitos discentes.
Qual uma possível saída, então? Qual outra visão alternativa que não se paute em nenhuma das três comentadas até agora, ou, mais ainda, que evite a tentação de incorrer em um pot-pourri de todas elas? Gostaríamos de propor uma outra hipótese diagnóstica, agora de cunho explicitamente escolar, para que pudéssemos olhar com outros olhos a indisciplina "nossa de cada dia", um dos "ossos de nosso ofício"...
Tomando a indisciplina como uma temática fundamentalmente pedagógica, talvez possamos compreendê-la inicialmente como um sinal, um indício de que a intervenção docente não está se processando a contento, que seus resultados não se aproximam do esperado.
Desse ponto de vista, a indisciplina passa, então, a ser algo salutar e legítimo para o professor. Indisciplina é um evento escolar que estaria sinalizando, a quem interessar, que algo, do ponto de vista pedagógico, e mais especificamente da sala de aula, não está se desdobrando de acordo com as expectativas dos envolvidos. O que fazer, então? Como interpretar claramente o que a indisciplina está indicando de forma indireta? Vamos por partes.
Em geral, o trabalho docente é compreendido como a associação de duas, digamos, grandes "dimensões". Uma que é a dos conteúdos específicos e outra que é a dos métodos utilizados. Ou seja, no ideário pedagógico, a fórmula da intervenção docente resume-se a uma equação como esta: "ensina-se algo de alguma forma".
Gostaríamos, a partir de agora, de adicionar a essa combinação pedagógica clássica um terceiro dado, que chamaremos de dimensão "ética" do trabalho docente. Assim, nossa fórmula pedagógica passaria a contar com mais um elemento: "ensina-se algo, de alguma forma, a alguém específico". Longe de psicologizar o ato educativo, o que se quer dizer com isso? A dimensão dos conteúdos refere-se a "o quê se ensina", a dimensão dos métodos ao "como se ensina", e a dimensão ética ao "para que se ensina": aquilo que delimita o valor humano e social da ação escolar, porque sempre inserido em uma relação concreta.
Essa é uma distinção importante porque os grandes problemas que enfrentamos hoje evocam, na maioria das vezes, este "para quê escola?". Acreditamos, portanto, que grande parte dos nossos dilemas de todo dia exija um encaminhamento de natureza essencialmente éticos, e não metodológica, curricular ou burocrática.
Curiosamente, essa idéia parece apontar na mesma direção para a qual o aluno indisciplinado está incessantemente nos chamando a atenção. É essa a pergunta que ele está fazendo o tempo todo: para quê escola? Qual a relevância e o sentido do estudo, do conhecimento? No quê isso me transforma? E qual é meu ganho, de fato, com isso?
Temos conseguido responder essas perguntas quando direcionadas a nós mesmos? Qual a relevância e o sentido da escola, do ensinar e do aprender para nós, professores? Escola realmente faz diferença na vida das pessoas? Se ela marca uma diferença sem precedentes, por que ela geralmente é conotada como um lugar entediante, supérfluo, aquém da "realidade", inclusive para nós mesmos? Por que nos esforçamos em imaginar, tal como nossos alunos, que a "vida mesmo" está para além dos muros escolares? E por que é que o mundo deixou (e parece deixar cada vez mais) de parecer com um grande livro aberto?
Todas essas indagações são inadiáveis hoje em dia porque se o professores, na qualidade de profissionais privilegiados da educação, tiverem clareza quanto a seu papel e ao valor do seu trabalho, eles conseguirão ter um outro tipo de leitura sobre o cotidiano da sala de aula, sobre os problemas que se apresentam e as estratégias possíveis para o seu enfrentamento.
Por incrível que possa parecer à primeira vista, grande parte de nossos contratempos profissionais pode ser resolvida com algumas idéias simples e eficazes, mesmo porque muitas das armadilhas que o cotidiano nos arma parecem ter nossa anuência, quando não nossa autoria. Portanto, rever posicionamentos endurecidos, questionar crenças arraigadas, confrontar posicionamentos imutáveis, debater-se contra fatalidades: eis algo que, antes de ser uma obrigação, significa uma oportunidade ímpar de vivência dessa profissão, de certo modo, extraordinária.
Para que isso possa ser otimizado, algumas premissas pedagógicas precisam ser preservadas (e fomentadas, é claro) no trabalho de todo dia, de sala de aula. E essas premissas ultrapassam o plano dos conteúdos e dos métodos, ou melhor, elas os abarcam.
Nada de muito complexo, ao contrário. Tendo-as em mente, todo o resto (disciplina, aproveitamento, interesse, credibilidade, sucesso escolar) virá a contento... Vale a pena apostar!

 ALGUMAS PREMISSAS PEDÁGOGICAS FUNDAMENTAIS
Há, a nosso ver, alguns princípios éticos balizadores de nosso trabalho, e estes implicam, inicialmente, quatro elementos básicos, a saber:
* o conhecimento, que é o objeto exclusivo da ação do professor. O âmbito de atuação do professor é o essencialmente pedagógico. Portanto, ater-se ao seu campo de conhecimento e suas regras particulares de funcionamento, nunca à moralização dos hábitos, é uma medida fundamental;
* a relação professor-aluno, que é o núcleo do trabalho pedagógico, uma vez que o aluno é nosso parceiro, co-responsável pelo sucesso escolar, portanto. Mas é fundamental que seja preservada a distinção entre os papéis de aluno e de professor. Não se pode esquecer nunca que é dever do professor ensinar, assim como é direito do aluno aprender. Isso nem sempre é claro ainda para o aluno, principalmente aqueles do ensino fundamental, o que não significa que o mesmo deva acontecer conosco;
* a sala de aula, que é o contexto privilegiado para o trabalho, o microcosmo concreto onde a educação escolar acontece de fato. É lá também que os conflitos têm de ser administrados, gerenciados. É lá, e apenas lá, que se equacionam os obstáculos e que se atinge uma possível excelência profissional. Portanto, mandar aluno para fora de sala (e, no limite, para fora da escola) é um tipo de prática abominável, que precisa ser abolida urgentemente das práticas escolares brasileiras;
* o contrato pedagógico. Trata-se da proposta de que as regras de convivência, muitas vezes implícitas, que orientam o funcionamento da sala de aula
- e daquele campo de conhecimento em particular - precisam ser explicitadas para todos os envolvidos, conhecidas e compartilhadas por aqueles inseridos no jogo escolar, mesmo se elas tiverem de ser relembradas (ou até mesmo transformadas) todos os dias. Portanto, a medida mais profícua é a seguinte: jamais iniciar um curso ou um ano letivo sem que as regras de funcionamento dessa "sala de aula/laboratório" sejam conhecidas, partilhadas e, se possível, negociadas por todos. É na medida em que todos se sentem co-responsáveis pelo "código" de regras comuns que se pode ter parceria, solidariedade, um projeto conjunto e contínuo - o que, no caso do trabalho pedagógico, é mais do que necessidade, é uma exigência.
AS CINCO REGRAS ÉTICAS DO TRABALHO DOCENTE
Gostaríamos de finalizar essa breve incursão no tema disciplinar com a proposição de cinco regras éticas, assim como as temos denominado, as quais falam por si mesmas. Se o professor levar em consideração essas possíveis balizas de convivência no seu trabalho cotidiano, os seus "problemas" disciplinares deixarão de ser prioritários, uma vez que elas instauram a intervenção do professor, e não as condutas da clientela, como norte da ação escolar. Também, em nosso ponto de vista, trata-se do único antídoto contra o fracasso escolar ou os tais "distúrbios de aprendizagem", e até mesmo contra a terrível falta de credibilidade profissional que nos assola e da qual padecemos tão severamente nesses últimos tempos. E quais são essas regras?
* a primeiríssima regra implica a compreensão do aluno-problema como um porta-voz das relações estabelecidas em sala de aula. O aluno-problema não é necessariamente portador de um "distúrbio" individual e de véspera, mesmo porque o mesmo aluno "deficitário" com certo professor pode ser bastante produtivo com outro. Temos que admitir, a todo custo, que o suposto obstáculo que ele apresenta revela um problema comum, sempre da relação. Vamos investigá-lo, interpretando-o como um sinal dos acontecimentos de sala de aula. Escuta: eis uma prática intransferível!
* a segunda regra ética refere-se à des-idealização do perfil de aluno. Ou seja, abandonemos a imagem do aluno ideal, de como ele deveria ser, quais hábitos deveria ter, e conjuguemos nosso material humano concreto, os recursos humanos disponíveis. O aluno, tal como ele é, é aquele que carece (apenas) de nós e de quem nós carecemos, em termos profissionais.
* a terceira regra implica a fidelidade ao contrato pedagógico. É obrigatório que não abramos mão, sob hipótese alguma, do escopo de nossa ação, do objeto de nosso trabalho, que é apenas um: o conhecimento. É imprescindível que tenhamos clareza de nossa tarefa em sala de aula para que o aluno possa ter clareza também da dele. A visibilidade do aluno quanto ao seu papel é diretamente proporcional à do professor quanto ao seu. A ação do aluno é, de certa forma, espelho da ação do professor. Portanto, se há fracasso, o fracasso é de todos; e o mesmo com relação ao sucesso escolar.
* a quarta regra é a experimentação de novas estratégias de trabalho. Precisamos tomar o nosso ofício como um campo privilegiado de aprendizagem, de investigação de novas possibilidades de atuação profissional. Sala de aula é laboratório pedagógico, sempre! Não é o aluno que não se encaixa no que nós oferecemos; somos nós que, de certa forma, não nos adequamos às suas possibilidades. Precisamos, então, reinventar os métodos, precisamos reinventar os conteúdos em certa medida, precisamos reinventar nossa relação com eles, para que se possa, enfim, preservar o escopo ético do trabalho pedagógico.
* a última regra ética, e com a qual encerramos nosso percurso, é a idéia de que dois são os valores básicos que devem presidir nossa ação em sala de aula: a competência e o prazer. Quando podemos (ou conseguimos) exercer esse ofício extraordinário que é a docência com competência e prazer
- e, por extensão, com generosidade -, isso se traduz também na maneira com que o aluno exercita o seu lugar. O resto é sorte. E por falar nisso, boa sorte a todos!